Hello pessoinhas,
    Vamos continuar nosso mês especial de romances de época - mais explicações AQUI - e hoje é dia desse bloga falar sobre quatro autoras muito queridas, por mim. Sim estou falando das romancistas Jane Austen e Irmãs Bronte.
    Essas quatro mulheres se atreveram a escrever em uma época que somente homens podiam escrever - girl power total -, era um escândalo uma mulher escrever, ainda mais romances. Mas essas quatro não só escreveram como também ficaram para a posteridade.
    Vamos começar falando da minha querida Jane Austen.
Jane Austen é uma das escritoras inglesas mais famosas, passados mais de dois séculos de sua morte. Autora de romances como Orgulho e preconceito, Razão e sentimento e Persuasão, consagrou-se por seus diálogos afiados e pela ironia presente em seus romances. Seus recursos de linguagem tinham um alvo específico: a sociedade provinciana inglesa do século XVIII.

Nasceu dia 16 de dezembro de 1775, em Hampshire, na Inglaterra. Filha do reverendo George Austen e de Cassandra Austen, foi a segunda mulher dentre sete irmãos. Quando completou oito anos, foi enviada a um internato – junto de sua irmã Cassandra, sua melhor amiga durante toda a vida – para receber a educação formal. Seu contato com os livros vem do acesso à biblioteca da família, permitido após a volta do colégio interno.

Na adolescência, Austen escrevia comédias, e seu primeiro livro bem acabado foi Lady Susan, escrito em forma epistolar, quando a autora tinha dezenove anos. Em 1797, Austen já havia escrito dois romances, Razão e sensibilidade (primeiramente chamado de Elinor and Marianne) e Orgulho e preconceito (originalmente First Impressions). Oferecidos pelo pai da inglesa a um editor, os livros foram rejeitados. A publicação dos títulos ocorreu só em 1811 e 1813, respectivamente, assinados com o codinome de “uma senhora”.

Jane Austen também é autora de Emma, Mansfield Park e A abadia de Northanger - mais dark -, romances nos quais buscava retratar a sociedade da época e a busca da mulher pelo melhor casamento, como única forma de ascender socialmente. As aparências são apresentadas pelos diálogos e contradições dos personagens, em um texto carregado de ironia.

A proximidade de seus textos com sua vida levam a uma leitura autobiográfica da obra de Austen, e mesmo nunca tendo se casado, acredita-se que Jane teve namorados. Quando jovem, chegou a aceitar um pedido de casamento e, em seguida, fugiu.

Morreu em 18 de julho de 1817, aos 42 anos, vítima do mal de Addison. Deixou inacabado o romance Sanditon.
Curiosidades:
  • As obras de Jane têm fãs no mundo todo, o que inspirou o livro e filme O Clube de Leitura de Jane Austen. Eles popularizaram a famosa a pergunta: “O que Jane faria?” ( em inglês, What Would Jane Do?) comum entre os fãs da escritora, que imaginam o que ela diria em certas situações da vida.
  • Dizem que a escritora se inspirou na própria relação com a irmã, Cassandra, para escrever Razão e Sensibilidade, sendo Cassandra, a razão e Jane, a emoção. Este foi seu primeiro livro publicado, escrito sob o pseudônimo “A Lady”.
  • Emma foi a primeira personagem de Jane que não tinha que se preocupar financeiramente. Talvez sendo essa a razão de não querer se casar tão cedo.
  • O último romance completo escrito por Jane, foi Persuasão.A história marca mudanças no quadro social da época, quando um homem de mais pobre consegue ascender socialmente por causa do seu trabalho, e não por direito ou herança. A inspiração veio do sucesso dos irmãos, que serviram a marinha real e receberam muito dinheiro pelos serviços prestados.
  • Intitulado inicialmente de Primeiras Impressões, o livro Orgulho e Preconceito passou por mudanças na edição, e resolveu-se usar o seu nome atual na capa da publicação. Alguns críticos dizem que o título foi trocado para que se pudesse ter um apelo comercial, relacionando-o com a mesma expressão contrária usada no livro Razão e Sensibilidade.
  • Apesar de serem conhecidos por seus romances, as histórias tem pouco contato físico entre os personagens. Existem apenas 14 beijos, somando todos os livros, incluindo beijos na bochecha, nas mãos, na boca e até em uma mecha de cabelo.
Agora vamos para minhas irmãs preferidas do mundo da literatura.
    Falar das irmãs Brontë é falar também sobre personagens femininos fortes, sim, livros escritos por mulheres fortes para mulheres fortes, mesmo que a história das irmãs seja triste e nenhuma delas tenha passado dos 40 anos. Aliás a vida delas em si já dá uma história e tanto.
    As três irmãs foram educadas em casa, com um pai pra lá de tralálá, junto com o irmão Branwell, depois que duas de suas irmãs mais velhas morreram após contraírem tuberculose na escola completamente insalubre em que estudavam. Aí com o passar do tempo, Charlotte decidiu que deveriam publicar as histórias que tão habilmente escreviam. Sem sucesso no seu primeiro livro,  The Professor, que foi rejeitado sem pestanejar, teve na sua segunda tentativa, Jane Eyre, um grande êxito e se uniu ao Morro dos Ventos Uivantes, de Emily, e ao Agnes Grey, de Anne, nas publicações. Informadas pelo editor que não seria apropriado publicar um livro com um nome feminino, as irmãs adotaram os pseudônimos Currer, Ellis e Acton Bell. Jane Eyre, particularmente, foi um sucesso imediato de crítica e de público.
Além desses ainda tem "Villette" de Charlotte e "A Inquilina de Wildfell Hall de Anne
    Das três irmãs, Emily era, sem dúvida, a mais bonita. Com quase um metro e sessenta, - o que era bem alta para uma mulher daquela época -, ela tinha um corpo bem formado e rosto lindo, além de um ar de mistério que os homens achavam intrigante. Sua irmã Anne também era muito atraente. Charlotte, por outro lado... bem, não foi tão abençoada. De baixa estatura e mirradinha, ela usava óculos para corrigir uma grave miopia e se considerava um tipo bastante comum, embora os mais cruéis falassem que "ela teria que ser duas vezes mais bonita, para ser considerada feia". Mas isso não significa nada, perto do talento das moças.
    Mas dois meses depois do lançamento dos livros, começou as desgraças nas vidas das jovens. O irmão delas, bebeu até morrer. Em seguida, Emily resolveu ir descalça no enterro do irmão, para homenageá-lo, o que seria muito bonito se no dia não estivesse caido uma tempestade daquelas, o que a fez contrair tuberculose.
    Ainda muito excêntrica - além de cabeça dura -, Emily se recusou qualquer tratamento médico, e foi definhando cada dia mais, até que quando aceitou o tratamento, nada mais havia de ser feito. Ela morreu e foi enterrada em um caixão super estreito, até mesmo para aquela época. Em uma sequência digna de livro de tragédia, Anne foi contagiada pela tuberculose de Emily. Ela tentou ocultar a doença, mas poucos meses depois, seguiu a irmã à sepultura.
    Das irmãs, restou somente Charlotte, mas apenas seis anos depois, ela também acabou falecendo, grávida, menos de um ano depois que se casou, contra a vontade de seu pai, Até hoje não se sabe ao certo qual foi a causa da morte.
    Aí vem a parte que mais chama a atenção.
    "De acordo com a lenda local, uma misteriosa figura em trajes negros observou o funeral nas charnecas. Na época, muitos acreditaram que fosse Emily. Se realmente fosse, forneceria um final gótico bem adequado à saga da família Brontë."
    Achei um artigo muito interessando no Literatortura que fala sobre as Brontë e o feminismo.
Primeiramente, temos de longe a mais dramática e romântica das três, Emily, e a menos obviamente feminista. Sua obra única, “O Morro dos Ventos Uivantes”, ambienta-se numa aura gótica, no limiar da insanidade e, quase, da psicopatia.

Em segundo lugar, encontramos a obra-prima de Charlotte, “Jane Eyre”. Considerado um dos maiores clássicos da Literatura em língua inglesa, o romance narra a vida de Jane Eyre, uma órfã, maltratada pela tia e pela vida, que sai de um colégio interno para trabalhar como governanta para a criança do misterioso Sr. Rochester. Dona de uma religião e filosofia próprias, ela logo encanta o obscuro patrão, que se apaixona brutal e loucamente por ela.

 A moça acaba perdendo, dessa forma, um pouco de sua humanidade para ser justamente o autômato que afirma não ser. Ainda assim, a jovem não aceita que seus boníssimos e puros sentimentos sejam objeto de manipulação por terceiros, o que é evidenciado em uma das mais famosas citações do livro, quando Jane revela o que sente pelo patrão:

“Acha que, só por ser pobre, obscura, feiosa e pequena, sou uma pessoa sem alma e sem coração? Tenho tanta alma quanto o senhor… e muito mais coração! E se Deus me tivesse presenteado com mais beleza e fortuna, eu teria feito com que fosse tão difícil para o senhor me deixar quanto é para mim deixá-lo. Não me dirijo ao senhor agora através de normas e convenções, nem mesmo através de carne mortal. É meu espírito que se dirige ao seu. Como se ambos tivessem cruzado o limite da morte e estivéssemos, aos pés de Deus, como iguais… que é o que somos!”

A passagem revela algo de muito interessante na história, completamente diferente do que acontece nas obras de Anne e Emily: a autora imbui à personagem um feminismo e uma noção de igualdade dos quais a mocinha é plenamente consciente, ainda que de forma quase metafísica. E esse é o diferencial dessa obra, a consciência de que a todo momento a mulher esbarra em convenções e normas sociais, mas que deve ter a coragem de superá-las.

Outro dado interessante, é a questão financeira: para Charlotte, e também para Jane, a fortuna parece ser aquilo que confere à mulher a independência que lhe é negada pela sociedade. Tanto que Jane só tem um final feliz quando recebe uma farta herança e passa a ser, finalmente, igual ao Sr. Rochester em posição social, como já o era antes em espírito.

Por fim, a última e menos conhecida das irmãs Brontë é Anne, que já pertence ao movimento literário do realismo e difere de suas irmãs de todos os modos possíveis. (Um fato interessante – e um tanto detestável – é que Charlotte ficou tão chocada com a obra da irmã que não permitiu que fosse publicada novamente após a morte de Anne.).

“A Moradora de Wildfell Hall” é a mais crua e, definitivamente, a mais feminista história de toda a obra das três, desmascarando sem grandes eufemismos a hipócrita sociedade inglesa no século XIX. Narrado de forma não-linear, inicialmente pelo ingênuo Gilbert Markham  proprietário de terras apaixonado pela segunda narradora, Helen Huntingdon, o livro conta a história de uma mocinha que fez todas as escolhas erradas. Pois é. Isso mesmo: todas as escolhas erradas.

    Tem como não amar essas quatro mulheres incríveis. Se você ainda não leu corra, porque está perdendo grandes leituras.
 Beijos Beijos.

2 Comentários

  1. Fran!
    Muito bom poder conhecer um pouco mais sobre as audaciosas escritoras de romances de época.
    Elas realmente abalaram seu tempo e trouxeram grandes clássicos para nós leitores.
    Quanta excentricidade na vida das irmãs, hein?
    Adorei!
    Desejo uma semana tranquila!
    “Uma pergunta prudente é metade da sabedoria.” (Francis Bacon)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE MAIO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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  2. Oi Fran,
    Eu só li 'Orgulho e Preconceito' até hoje, mas quero mudar isso.
    Sei que a leitura é complexa e não devo ter pressa, mas o fato de serem clássicos maravilhosos me deixam empolgada.
    Beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com.br/

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