Somos animais glorificados que comem, cagam e estão fadados a morrer. Não somos nada mais do que futuros cadáveres.Começo essa resenha com esse quote maravilhoso do livro mais incrível que já li. Como ele foi emprestado, tive que devolver, mas já está na listinha de compras.
O tema de hoje é Morte. E Confissões do Crematório - Lições Para Toda a Vida da Caitlin Doughty é O livro para se ler se você gosta desse tema, e para todos os que um dia irão morrer. Super aconselho a leitura.
O principal motivo é a propriedade com que Caitlin fala do assunto. Ela ama o que faz e sempre foi apaixonada por esse tema que afasta tantos de nós. Ela é agente funerária, é formada em história e mantém um canal no YouTube onde fala com bom humor sobre a morte e as práticas da indústria funerária, o Ask a Mortician - se você tiver uma boa noção de inglês, super indico porque é fantástico - , fundadora do grupo The Order of the Good Death (que une profissionais, acadêmicos e artistas para falar sobre a mortalidade).
Caitlin trabalha a muito tempo nesse ramo e conta sobre a sua experiência no crematório, aprendendo de tudo para preparar o cadáver para o velório, para deixá-lo daquele jeito que vemos bonitinho no caixão. Mas o livro é mais que os "causos" e as coisas bizarras que acontecem em um funerária.
Narrado em primeira pessoa, o livro fala sobre a desmistificação da morte, a indústria funerária, os bastidores de uma funerária. como são feitas as cremações, a necessidade que nós temos de velar o corpo do morto para entender que tudo tem seu fim.
Embora você possa nunca ter ido a um enterro, dois humanos do planeta morrem por segundo. Oito no tempo que você levou para ler essa frase. Agora, estamos em quatorze.Embora seja pelo selo Darklove, o livro não é ficção e tem algumas partes um pouco nojentas , tá, eu sei que é uma coisa biológica mas é nojento quando ela fala da gordura que vazou do forno ou do cheirinho do corpo em decomposição... I Know... Awkward. E tem umas partes bem pesadas como quando ela fala dos bebês, nossa eu não teria estômago... mas enfim...
O livro ele é bem real, baseado em histórias, rotinas, fatos históricos, científicos e filosóficos, ás vezes até em mitos. o mais curioso é descobrir como funciona essa indústria funerária, e como a sociedade lida com a morte. Mas ele é fácil de se ler porque Caitlin tem uma forma de narrar com muito bom humor
Em meio a essas informações, vamos lendo relatos verídicos sobre pessoas que morreram sozinhas e como algumas pessoas lidam com a questão da morte.Confesso que algumas vezes fiquei com lágrimas nos olhos com alguns questionamentos do livro, assim como a minha percepção de algumas coisas mudou.
Um cadáver não precisa que você lembre dele. Na verdade, não precisa de mais nada - fica mais do que satisfeito de ficar ali, deitado, apodrecendo. É você que precisa do cadáver. Ao olhar para o corpo, você entende que a pessoa se foi, que não é mais uma participante ativa do jogo da vida. Ao olhar para o corpo, você se vê nele e sabe que também vai morrer
*Pausa para minhas caraminholas*
Eu sempre quis ser cremada quando morresse, desde criança, sim eu já pensei nisso, desde que meu avô morreu quando eu tinha 09 anos, esse negócio de ficar olhando gente morta em velório não é comigo. Eu fico pensando no corpo lá sendo comido por bichinhos ... ecaaaa... dá até calafrio. Ler este livro me deu uma maior clareza de como é feita a cremação, porque o "viemos do pó e ao pó voltaremos" não é tão simples assim, não é só colocar no forno de um lado e sai o pózinho do outro.
Continuo pensando em ser cremada, mas quero aquelas urnas biodegradáveis para que eu possa virar uma árvorezinha. Quem decidir jogar as cinzas no mar, também pode. Algumas empresas já oferecem urnas hidrossolúveis em formato de concha para facilitar o ritual que muitas famílias vêm seguindo. A urna flutua por alguns minutos antes de afundar e dissolver-se, com as cinzas, na água do mar.
*Voltando ao livro*
O livro é muito bem editado pela Darkside, ele é lindoooo. Tem capa dura, as laterias das folhas em vermelho, folhas amareladas, notas sobre as fontes, curiosidades e muitas imagens. ele é uma leitura rápida, com uma narrativa bem humorada que te envolve e te faz pensar sobre um assunto que para muitos é um tabu, a morte, mesmo ela sendo inevitável, muitos gostam de pensar que serão eternos.
Escondemos a morte com tanta habilidade que quase daria para acreditar que somos a primeira geração de imortais. Mas não somos. Vamos todos morrer e sabemos dissoAmeeeeii e super indico.
Aceitar a morte não quer dizer que você não ficar arrasado quando alguém que você ama morrer. Quer dizer que você vai ser capaz de se concentrar na sua dor sem o peso de questões existenciais maiores como “Por que as pessoas morrem?” e “Por que isto está acontecendo comigo?”. A morte não está acontecendo com você. Está acontecendo com todo mundo”Beijos Beijos
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