Pensa na pessoa desidratada de tanto chorar por causa de um livro, sendo que já sabia o que ia acontecer. Pensando bem acho que foi por isso que a  Arqueiro mandou a toalha gigante no Kit, e eu inocente achando que era porque a história tinha a ver com praia.

Afinal um livro que é indicado assim :

“Se você é fã de JoJo Moyes, David Nicholls e Nicholas Sparks, então irá amar Eu sem você.”– Goodreads 

Não pode te deixar de outra maneira.

O livro é narrado por Callum, o mocinho da história, tendo seus capítulos intercalados por trechos do diário de Lilah.

Callum é o típico cara focado no trabalho, ele tinha um emprego estável em uma agência de publicidade e fora do trabalho, não conseguia tomar nenhum tipo de decisão sobre sua vida pessoal, nada muito grande. E sobre o amor. Ele não acreditava em amor a primeira vista, mesmo tendo visto com seus pais, até que ele conheceu Lilah, com seus pés descalços na mesma balsa que ele estava.

Lilah é uma mulher que luta por aquilo que acredita, isso faz dela a melhor advogada ambiental, e também uma das mais excêntricas que Callum já viu. O problema é o segredo que ela guarda, e que nós vamos descobrindo aos poucos e antes de Callum, e sabemos que isso vai partir o coração já um tanto calejado dele.

-Não sou tão dificil assim de agradar, sou?

Lilah se virou para mim e passou os braços pelo meu pescoço. Eu a beijei e sorri com os lábios junto aos dela.

-Você é um baita pé no saco na maior parte do tempo.

O livro é muito lindo.

Ele nos mostra como o amor é mais simples do que pensamos e como ele pode aparecer do nada, e quando menos imaginamos.

A forma como a paixão de Lilah influencia Callum a sair da sua concha, a resgatar antigas paixões que ele tinha e empurrou para debaixo do tapete é lindo.

Aliás o relacionamento louco deles é muito fofo. Lilah é do tipo que não tem papas na língua, se ela não quer , não quer, se ela acha, ela fala mesmo. Já Callum é mais quietão, mais na dele, que pensa antes de falar. Eles são opostos em muitas coisas, mas a loucura de Lilah - e seu problema com calçados-, vai influenciando Callum a aproveitar a vida, a aproveitar cada momento dela. A ver a vida com os olhos dela.

-Onde está a bruxa má? Sempre tem uma bruxa mé - emendou ela.
Sorri.
-Hippie e realista. Gostei.

Pense que a pessoa mora a metros de uma reserva natural linda e nunca foi, porque estava trabalhando. que largou a paixão de tirar fotos, que não vê os irmãos há muito tempo, nem lembra direito o nome de suas esposas. Esse é Callum antes de Lilah.

A Lilah, antes de virar advogada ambientalista, também não era muito diferente de Callum, só era mais agressiva que ele.

A mãe de Lilah é uma figura. A parte em que elas trocam presentes de Natal é a melhor. Eu ri muito.

E daí que fazemos isso todos os anos. Compramos presentes elaborados e caros uma para a outra, que nós mesmas gostaríamos de ganhar. Aí entregamos os presentes, fingimos estar entusiasmadas e depois trocamos de volta na surdina antes de a festa cabar.

Mas não pensem vocês que é só fofuras este livro. Quando a parte amarga vem, ela vem para machucar mesmo. Nós, Lilah, Callum. Porque a todo momento você não consegue acreditar naquilo.

-Como você acredita em Deus se o mundo é tão fodido?

O padre sorriu tristemente.

-Você entendeu errado. É porque o mundo é tão fodido que eu acredito em Deus.

Eu não consigo falar mais sem spoilers. Mas vamos dizer que mesmo que você esteja preparado para o pior, dói. E eu chorei horrores. Pensem num pessoa lendo, soluçando e agora relendo trecho para esta resenha, lágrimas se formam de novo.

O livro é muito bem escrito, ele é bem balanceado, tem partes que você ri, que você se emociona, que você fica com raiva, que você chora . Enfim, o livro te leva a um carrossel emocional, mas quando chega no final, você dá aquele suspiro gostoso, daqueles reservados só a livros que te deixam coisas boas, aquele sentimento doce-amargo.

A mensagem do livro é clara. Aproveite a vida em seu máximo, não perca seu tempo se prendendo a coisas que podem esperar, e ame, muito.

Leiam e chorem comigo.

Estou chorando porque quero que a vida seja um conto de fadas e não é.

Beijos Beijos