Quando eu peguei Menina Má para ler, emprestado e furando a fila de milhares, haha, eu não tinha idéia do que esperar realmente. Eu aconselho a você pular o prefácio e ir direto para a história e depois voltar.

Menina Má conta a história de Christine Penmark, uma mulher que se mudou a pouco tempo para um conjunto de apartamentos com seu marido Kenneth, um oficial da Marinha e sua filha de oito anos, Rhoda.

Christine e o tipo de mulher que chama atenção: Loira, bonita e simpática, ela ainda carrega consigo o fato de ser filha de Richard Bravo, um jornalista muito famoso. Ela e o marido formam um daqueles casais típicos americanos. Ele é da Marinha e ela trabalhava em uma galeria de arte. Até que tiveram que se mudar devido a um pequeno acidente envolvendo a pequena Rhoda.

Rhoda é uma dessas garotinhas lindas e educadas, que mais parecia uma pintura com seus cabelos castanhos. Mas Christine não sabe explicar porque sua filha não age como uma criança normal, muito menos porque ela se dá melhor com os mais velhos ou ainda porque estranhos acidentes sempre acontecem quando a garotinha está perto.
Qualquer um dos incidentes talvez pudesse ser minimizado como um desses infortúnios inevitáveis que acontecem em toda parte e com todo mundo; mas, tomados juntos, comparando-se as semelhanças entre ambos os mistérios, o efeito era mais forte, mais difícil de ser relevado pelo simples raciocínio lógico.
Em um dos trabalhos do pai, no qual ele se ausenta da cidade por alguns meses, é que a história acontece. Tudo começa com a morte de um menininho durante um passeio da escola em que Rhoda estudava. Ninguém conseguia dizer como aquele garotinho conseguiu se afogar. Ou porque a medalha de melhor aluno, que Rhoda deveria ter ganhado, desapareceu da roupa dele.

Até aí tudo ok, mas Christine por algum motivo não consegue parar de pensar no fato que Rhoda queria muito essa medalha, e que a sua filha é um tanto fria e não sossega enquanto não consegue o que quer. Mas uma mãe não poderia acreditar que sua filha seria capaz de uma maldade dessa. Ou poderia?

 Além disso, quem é normal tende a visualizar o assassino em série como alguém tão monstruoso por fora como o é por dentro, o que não poderia estar mais longe da verdade.

Mal dá para acreditar que  esse livro foi escrito há 62 anos atrás, isso mesmo foi escrito em 1954, mas é totalmente contemporâneo, o que dá mais medo ainda.

Este é um daqueles tipos de livros que vai te levando despretensiosamente pela história,misturando o cenário atual com lembranças e fatos do passado dos personagens até que nós estejamos tão ansiosos pelo que vai acontecer que aí sim ele vai trabalhando a parte psicológica. Eu confesso que fiquei com medo dessa criança demônia linda. O medo é puramente psicológico, e somente uma cena me deu agonia, a cena envolve fogo e um lago, quem leu sabe do que estou falando.

A principal é Christine, mesmo que no começo eu achasse que seria a Rhoda. Acho que isso que me deu mais aflição, não saber o que a garotinha pensava, o que ela sentia, o que se passava dentro dela. Christine é uma mulher que basicamente tem tudo o que se podia esperar, um apartamento bonito, uma marido que a amava e que tinha um bom emprego, bons vizinhos, e uma filha adorável, quando queria.

Para ela tudo estava muito bom, ela estava feliz. Mesmo que ela sentisse que alguma coisa faltava. Ela era uma pessoa alegre, tinha bons vizinhos e tinha amizade com eles. O que a preocupava ás vezes era Rhoda mesmo. E foi isso que a fez mexer em um assunto que não deveria ter mexido. Tem coisas que devem permanecer enterradas no passado. Mesmo que seja o seu passado.
O que Christine queria saber era: quando essas pessoas começavam a carreira? Crianças também matavam ou ela estava certa em presumir que só adultos cometiam esses atos terríveis?
Rhoda, é um personagem complexo, porque você não sabe muito bem o que esperar da menina. Aliás, sabe mas não quer acreditar que realmente exista gente assim. Sem falar que ela poderia ser encantadora se quisesse. O problema é esse, penso eu. Conforme você vai entrando na história, você vai vendo a máscara de Rhoda cair e vendo uma mãe atormentada, decidindo o que fazer.

Os personagens todos são bem elaborados e todos tem personalidades um tanto dúbias.

Um dos exemplos são vizinhos de Christine, os irmãos Monica e Emory. Os dois são muito espalhafatosos. Ela uma divorciada, com tendência a analisar tudo e todos, pela linha de raciocínio de Freud. E ele, um solteirão, que como a irmã mesmo diz, é um “homossexual enlarvado”. Mas os dois são personagens que ao longo do livro vão mostrar que são um pouco mais profundo que aparentavam.

Já os outros três que são muito citados são: a Sra Daigle, que surta completamente depois da morte do seu filho, e que põe na cabeça de Christine idéias sobre a sua filha, Reginald, que ajuda Christine em suas pesqueisas mesmo sem saber, e o nojento Leroy, que faz de tudo para atormentar Rhoda, sem saber com quem está mexendo e se acha muito injustiçado pela vida.
Eu não tive chance”, disse Leroy. “Nunca tive chance de ser alguém na vida.

Teve chance, sim. Muita chance. Só que é preguiçoso.
Conforme vamos nos envolvemos ainda mais na história , nossas teorias vão caindo por terra e nos faz pensar: até que ponto isso é verdade? Até que ponto uma mãe vai para proteger seu filho? Será que carregamos mesmo a semente do mal e quando menos esperamos ela floresce em um ser aparentemente inocente?
Parecia-lhe que sua filha, como se pressentisse que algum fator de corpo ou de alma a separava dos seus semelhantes, tentava acobertar essa diferença simulando os valores que os outros de fato prezavam. Porém, como não havia nada de espontâneo em seu coração para orientá-la, ela precisava usar como substitutos o raciocínio, a ponderação, a experimentação, para apenas assim ir tateando e descobrindo, às cegas, o caminho para melhor arremedar as mentes e as intenções de seus modelos.
Esse livro me lembrou e muito o filme "Anjo malvado" com Macaulay Culkin e Elijah Wood. Depois vi que o filme foi inspirado nesse livro, o que indica o porquê da semelhança. E eu adoro esse filme. Ah tempo bom que eu assistia sessão da tarde.

Uma coisa que me deixou encucada foi a descrição da menina, Já que a imagem da capa é uma boneca loira. E o filme também é todo ao contrário.  Mas o terror psicológico é o mesmo.
A criança deu meia-volta para que a mãe pudesse inspecionar seu cabelo, que era liso, fino, castanho-escuro e opaco.


Resumo da ópera:

Leiam. É muito bom. Mas se você é uma pessoa impressionada com tudo, aconselho que vá com calma.
O que você me dá se eu der para você uma cesta de beijinhos?
Uma cesta de abraços!
Beijos Beijos

2 Comentários

  1. Gostei da sua resenha :) Não tinha interesse no livro, mas acho muito legal toda uma profundidade psicológica nos personagens.

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    1. Esse livro é basicamente baseado no seu psicológico, cada um que lê vai sentir uma coisa, mas uma coisa é certa, o livro é muito bom.

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