Depois de tanto tempo – cheia de saudades, devo confessar – cá
estou para falar de uma obra nacional, lançada pelo selo Novo Conceito Jovem e
que merece atenção. Vamos lá?
Qual o significado de sonhos lúcidos?
E se alguém dissesse que é possível permanecer perfeitamente
consciente enquanto se esta sonhando, de forma a decidir o rumo que as coisas
irão tomar. E se isso colocasse sua vida em risco?
Eva Abelar é uma grande pesquisadora sobre sonhos lúcidos, acredita
na possibilidade de chegar – no que ela chama – de superconsciência. Como parece
ser patognomônico, ou seja característico, dos grandes estudiosos ela é
solitária e cheia de mistérios sobre sua vida profissional. Mas as emoções do
livro se iniciam quando ela recebe a noticia de que sua irmã – que também trabalhava
pesquisando sonhos – se jogou do 20 ° andar do seu prédio. Não bastou? Seu
filho autista também sumiu misteriosamente. Eva vai se envolver em um jogo de
gato e rato com o que parece ser uma grande conspiração, tudo em busca de
justiça e do seu filho.
Ela irá encontrar pessoas que não sabe se pode confiar e
descobrir com ela quais são os mocinhos e os vilões é muito bom.
Tule ainda manteve os olhos abaixados.
- É difícil falar sobre o caráter das pessoas, filha. Nesta nossa época, quase ninguém se abre de fato. Todos nós guardamos um par de assuntos interessantes no bolso da frente, três ou quatro piadas no bolso de trás, meia dúzia de nomes de personalidades no bolso do paletó e, assim, saímos todos os dias para os nossos relacionamentos: com os bolsos cheio de mesmice e lixo. São bolsos rasos, como os relacionamentos que pretendemos construir com eles. Difícil julgar alguém com esse tipo de material, não acha? (Pág. 216).
Autor nacional escrevendo ação com assunto tão diverso é delicioso,
com cunho filosófico e investigativo é ainda melhor.
- E há também o experimento de Pascual-Leone, que descobriu ser possível induzir uma determinada escolha elo estimulo de uma área especifica do cérebro... Onde está nosso livre-arbítrio aí, Eva? Onde esta? Será que vivemos mesmo de forma livre? Que tomamos nossas decisões de forma independente? Ou há algo que mexe as cordinhas sobre nossas cabeças e nos faz agir como tolas marionetes? (Pag. 161).
Chico Anes escreve muito bem, isso não se discute, mas
preciso pontuar algumas coisas importantes. O livro tem um inicio instigante,
mas não conseguiu me prender ou criar aquele desejo de saber mais do próximo capitulo
que tanto nos delicia nas leituras por aí afora. Achei o inicio morno,
misterioso demais pra criar expectativa... o que mudou muito na segunda metade
do livro. A história foi esquentando, a sequencia ficando arrepiante e a semana
que demorei pra ler as 150 primeiras páginas se tornaram uma tarde gostosa nas
150 últimas.
Então minha dica é: se nas 50 primeiras páginas a coisa toda
parecer sem graça, lembre-se dessa resenha e persevere. Tudo vai mudar e
melhorar e no final você, provavelmente, vai ficar como eu fiquei, dizendo ‘Eu
sabia’ para as paredes e batendo com as mãos feito louca que descobre a
alquimia para transformar latão em ouro.
Quem já leu? Quem tem vontade de conhecer? Comentem comigo, ok?
Beijos.